Dragon Ball Kai - Episódio 71: "Um truque manhoso, o Taiyoken! Perseguição ao Andróide Cell"

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Feita por: Finger

domingo, 12 de abril de 2009

O Fenómeno Dragon Ball em Portugal

Anime... muitos vêem, muitos gostam, muitos gostam e não admitem, muitos nem sabem o que isso é e outros simplesmente preferem não usar o seu termo técnico em detrimento do nome comum de desenhos animados. Mas o facto é que já muitos animes marcaram épocas no nosso pequeno país à beira mar plantado. Numa altura em que Narutos dominam as preferências das nossas crianças, os mais velhos ainda se lembram dos grandes momentos da sua infância quando rebentou o maior fenómeno anime de sempre em Portugal: Dragon Ball!
Veio em 1995 para a SIC rotulado como a história prodígio e que conquistou multidões. E sim, desde cedo marcou a diferença quando por cá apenas se falava em novelas brasileiras e no F.C. Porto a ser campeão pela segunda vez consecutiva. Teve as suas transmissões até 1999 onde toda a série foi dobrada, incluindo Dragon Ball, Dragon Ball Z, Dragon Ball GT e filmes, tudo pertencente ao Universo de Akira Toriyama. E assim foi juntando, aqui e ali, seguidores, de todas as idades ou sexos. Tudo parava na SIC naqueles finais de tarde de Verão e quando começava a mítica música do Dragon Ball Zê, Zê, Zê todos colavam os olhos no ecrã durante os melhores 20 minutos do dia. Isto nos seus primeiros tempos. Porque o anime teve a honra de ser transmitido em vários horários diferentes. Acabou por ser mais usual ver Goku e companhia nas manhãs de animação da televisão do terceiro canal.

Abertura portuguesa de Dragon Ball Z



Mas se pensam que Dragon Ball se resumiu a arrebatadoras audiências por terras lusitanas estão muito enganados. E estão enganados porque tudo e todos se aproveitaram do nome e estatuto que o anime estava a ganhar em Portugal:
Cromos, tazos, jogos de consola, t-shirts, posters, brinquedos... cuecas, biscoitos, caramelos, tudo! Havia tudo de Dragon Ball e o Dragon Ball estava em todo o lado. E os produtos não paravam de surgir em catadupa enriquecendo quem apostasse neles. O merchandising era tanto que não havia mãos a medir na produção de novas coisas que iriam encher o olho a miúdos e graúdos. Era quem mais comia Bollycaos para acabar todas as colecções. Por todo o lado se viam troca de cromos e competições amigáveis entre jovens para mostrarem ter todas as caras dos seus personagens preferidos. Também se coleccionavam jogos para as plataformas existentes na época. Aqueles que ficaram mais notabilizados talvez tenham sido os míticos Dragon Ball: Final Bout e Dragon Ball Z: Ultimate Battle 22 para a Playstation e o Dragon Ball Z: Legends para a Sega Saturn. As jogatanas em casas de amigos tornaram-se bastante comuns, pois nem todos tinham o luxo de poder dizer que tinham uma consola topo de gama como a Palystation ou a Sega Saturn. Tardes inteiras a mandar Kamehamehas para tudo o que se mexesse. Depois, não havia quem não tivesse uma ou duas figuras miniatura de Dragon Ball. Aliás, saiam até em fascículos, para pintarmos e soltarmos o Picasso dentro de nós enquanto coloríamos um Goku em Super Saiya-jin 4. Também circulavam por aí as mochilas do Dragon Ball, principalmente um exemplar que saiu com o VHS número 13 de Dragon Ball GT. De qualquer forma, era usual ver meias com a cara do Goku ou simples camisolas com um rapazinho com cauda em cima de uma nuvem amarela.

Anúnico Televisivo das Mission Cards da Cuetara



Anúnico Televisivo do Filme de Dragon Ball Z




Entre adolescentes que frequentavam as escolas, o Dragon Ball acabou por ser uma perdição. Haviam os felizardos que já sabiam dos desenvolvimentos da história por terem visto na internet informações ou conhecerem pessoas que tinham visto o anime noutros países onde já tinha sido transmitido. Hoje em dia há muita gente que falta às aulas sem razão aparente... mas na época faltar às aulas podia ser justificado pelo facto de se querer assistir em primeiro mão ao Dragon Ball. E mesmo professores entravam na brincadeira, apaixonados pela qualidade que a série lhes dava. Afinal, todos reconheciam que Dragon Ball era bom, independetemente de gostarem ou não de ver bonecos a esmurrarem-se e a gritarem. Mesmo assim, haviam sempre os mais receptivos, pois a violência demonstrada não era nada boa para as mentes das crianças. Muitos foram os proibídos de ver o anime pelos pais, os pobres coitados. Mas felizmente a SIC nunca cedeu a largar tão grande projecto. Outros animes como Saint Seiya tinham já sido banidos da televisão portuguesa por cenas obscenas e de violência excessiva. Dragon Ball não! A força que ele teve na nossa sociedade foi tanta que nem que se parasse o trânsito na ponte 25 de Abril deixaria de ser diariamente oferecido em todas as casas. O máximo que se teve foram umas cenas cortadas... as habituais censuras. Mas até isso não foi por influência da contestação de alguns opositores. Veio já assim de França, onde os nossos compatriotas gauleses mudaram e mudaram ainda mais a verdadeira e autêntica versão japonesa, dando-lhe cores mais baças, aberturas e encerramentos deploráveis e alterações de nomes de personagens e acontecimentos relevantes para o desenvolvimento da acção. Os estúdios Novaga dobraram o anime cá. Os seus dobradores (principalmente Henrique Feist que dava voz a Goku) são relembrados como hérois nacionais pelos fãs da série... autênticos Cristianos Ronaldos. E mesmo que seja quase uma unanimidade que a nossa versão de Dragon Ball é bastante estranha, cómica e incoerente, preferimos culpar os franceses por nos inpingirem o trabalho mal feito de origem. Portugal sempre imaculado. Mas isto apenas vem ao caso de que nem assim a febre Dragonball'zesca ficou arranhada por cá. Nem que nos mostrassem uma música do Zé Cabra a abrir os episódios, nem que fosse o José Castelo Branco a fazer a voz do Piccolo, muito provavelmente Dragon Ball continuaria a ter uma legião de fãs em Portugal. Porque Dragon Ball deixou de ser apenas uma série de animação japonesa, passou a ser um ícone da criançada de 95/99. Não era didáctico, mas divertia. Não nos dava de comer, mas apagava o desejo da fome. Não curava doenças, mas alegrava-nos a mente.

Momentos Piadéticos da Versão Portuguesa de Dragon Ball



Hoje em dia, mesmo que seja ainda transmitido na SIC Radical, todos sabem que nunca se voltarão a reviver os velhos tempos. Os jovens de agora podem adorar na mesma o que visualizam todos os dias, mas não viverão a epicidade do rebentar do fénomeno por cá. Porque mesmo que não se queira, Dragon Ball está gasto entre nós e só permanece vivo na mente dos verdadeiros fãs. Mas uma coisa é certa: A vida é feita de memórias. Dragon Ball ficará na memória dos que assistiram ao seu auge e não vai, provelmente, conhecer um precendente à sua altura. Tenho dito.

3 comentários:

Prince disse...

Excelente artigo. Até me dá saudades de quando era criança de voltar a ver o Dragon Ball, ao ler este post.
Quanto à escrita, não podia estar melhor.
Excelente trabalho, Pedro10RKZ

Rickix disse...

Vindo de ti, já esperava tamanha qualidade. O fenómeno Dragon Ball em Portugal não voltará, mas ficará na memória de todos nós.

Continua assim, Pedro ;D!

Kid_Trunks disse...

Bom artigo.